Obra de Paul Kuczynsk
domingo, 31 de maio de 2015
Olhar Atento... diferenças!
Vamos prestar atenção em nossos alunos ... Cada um tem uma necessidade diferente!
Para Refletirmos...
Como estamos educando nossos alunos? Que tipo de incentivo nós proporcionamos a eles?
Imagem retirada de http://www.numaniaticos.com/los-dibujos-de-paul-kuczynski/
SARAU NA ESCOLA
PROPOSTA DE AÇÃO
Realizar saraus periódicos na
escola como estratégia para atrair as famílias, valorizando os talentos
culturais presentes na comunidade.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Sarau é um evento cultural onde
as pessoas se encontram para se expressarem ou se manifestarem
artisticamente. A palavra tem origem no termo latino serus (relativo ao
entardecer), porque acontecia, em geral, no fim do dia. Pode envolver dança,
poesia, círculos de leitura, seção de filme, música, bate-papo filosófico,
pintura, teatro etc.
Muito comuns no século XIX, os
saraus vêm sendo resgatados e reinventados pelas escolas como uma maneira de
fortalecer a identidade da comunidade escolar, promovendo a integração de todos
de forma descontraída, criativa e mais envolvente do que a tradicional reunião
de pais.
É um momento para a soma
conhecimentos, descobertas e vivências coletivas.
Ao promover esses encontros, a
Unidade Escolar ultrapassa seus muros e se fortalece como um pólo cultural da
localidade. As famílias passam a se reconhecer na escola, o que acaba por ter
um impacto muito positivo no envolvimento delas com os estudos dos filhos.
Além disso, o sarau é também um
momento de tomada de consciência, pois a cultura desperta a sensibilidade das
pessoas para a realidade à sua volta e as estimula a refletir sobre ela a
partir de outras linguagens.
COMO EXECUTAR
Marcar
uma reunião para compartilhar a ideia com a direção da escola, o grupo de
professores e o Conselho Escolar (caso exista). Se for bem recebida,
formar uma comissão organizadora.
A
Comissão Organizadora deve então preparar uma reunião de planejamento, na qual
devem ser definidos os objetivos e as características do evento, o horário, as
tarefas necessárias à sua realização e os responsáveis por cada uma delas.
Os saraus podem acontecer
bimestralmente, sempre com um tema diferente que reflita os desejos e a
realidade local.
Mapear os
grupos e artistas locais e convidá-los a participar.
Levantar
os equipamentos necessários para a realização das atividades e procurar
parceiros que possam emprestá-los.
Planejar a ambientação da
escola segundo o tema de cada sarau. A decoração pode ser feita pelos alunos,
como trabalho de sala de aula.
Criar estratégias de
mobilização da comunidade, como convites para enviar às famílias e cartazes
para espalhar pela escola e em outros pontos do bairro. Um grupo de alunos pode
criar um “convite falado” e apresentá-lo na saída das aulas.
Convidar os funcionários da Unidade de Negócio e o
grupo de agentes-chave para que também possa compartilhar conhecimentos e
vivências com os alunos, participando ativamente das atividades.
QUEM PODE EXECUTAR
Mobilizadores, agentes-chave, professores, alunos e
representantes do Conselho de Escola.
DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE
Obs: a atividade pode ser adaptada conforme a
realidade local e os conhecimentos prévios do mobilizador sobre o assunto.
As atividades do sarau devem ser planejadas de
acordo com os interesses e talentos locais.
Apresentamos algumas sugestões:
1. Mesa de livros
Selecionar livros da biblioteca da escola (e outros
doados/emprestados por parceiros) espalhá-los sobre uma mesa grande. Os
convidados sentam em volta e ficam livres para folheá-los, copiar trechos
ou ler alto para o grupo. A única regra é que os livros não saiam da mesa.
Algumas sugestões de autores: Cecília Meireles,
Cora Coralina, Vinícius de Moraes, Eva Furnari, Tatiana Belinky, Carlos
Drummond de Andrade, Fernando Pessoa, Mário Quintana, entre outros.
2. Exposição de artistas locais
Os artistas locais são convidados a se expressarem,
nas suas diferentes linguagens, sobre o tema do sarau. Os trabalhos ficam
expostos no pátio da escola.
3. Recital de poesia
Os participantes podem se inscrever para declamar
poemas (de sua autoria ou não). Para esta atividade, é interessante que alguns
professores proponham oficinas de criação de poesias previamente, em sala de
aula.
4. Quintal de brincadeiras
Convidar membros da comunidade a organizar um
espaço onde possam ensinar para as crianças brincadeiras de sua época. Outra
ideia é criar um “cantinho mágico”, onde podem acontecer oficinas de construção
de brinquedos com sucata.
5. Momento de liberdade poética
e musical
Espaço aberto para que qualquer pessoa possa
apresentar algo que tenha interesse em apresentar na hora.
6. Exposição de arte
Murais onde podem ficar expostos desenhos, pinturas
e outros trabalhos de arte visual feitos pelos alunos em sala de aula.
7. Oficina de cordel
Há algum cordelista no bairro? Convide-o a fazer
uma oficina de criação de cordéis, que depois podem ficar expostos num varal.
8. Roda de contação de
histórias
Professores, funcionários, pais ou mesmo alunos
mais velhos podem conduzir esta atividade, voltada para as crianças. Sentadas
em roda, elas ouvem a história contada pelo adulto e devem continuá-la,
imaginando novos rumos para a trama. Em seguida, elas podem criar livros
ilustrando a história. Para isso basta entregar folhas de sulfite dobradas ao meio
e giz de cera. Eles podem ser finalizados grampeando ou amarrando um barbante
na lombada.
9. Seção de cinema
Reservar uma das salas da aula (ou a própria sala
de vídeo da escola, caso exista) para passar filmes que tenham relação com o
tema do sarau. Ao final de cada seção, promover uma discussão sobre o assunto.
10. Memória viva
Rodas de conversa com moradores antigos do bairro,
na qual os estudantes podem entrevistá-los sobre sua infância, seus tempos de
escola, suas formas de diversão etc.
11. Apresentações musicais
Convidar grupos locais a se apresentarem. Estipular
um tempo ou número de músicas para cada um, orientando-os a se inspirarem no
tema do sarau.
12. Oficina de artesanato
Membros da comunidade podem ensinar a fazer
pequenos objetos de artesanato, de acordo com suas habilidades manuais.
13. Brincando com poemas
Criar uma série de desafios com a escrita a
partir de poemas conhecidos. Alguns exemplos: completar lacunas com as
palavras que estiverem faltando, entregar versos separados em pequenos pedaços
de papel e pedir que o grupo junte-os para formar poesias, criação de rimas
etc. Um grupo de professores pode ficar responsável por organizar esta oficina.
14. Teatro
Convidar grupos de teatro da escola ou comunidade
local a montarem peças ou esquetes inspirados no tema do sarau.
RECOMENDAÇÕES
Em cada sarau, deixar uma caixa de sugestões
em local visível para que os convidados possam sugerir temas para o próximo
encontro.
Durante toda a organização do evento, é
importante incentivar o trabalho em equipe, a auto-organização, a criatividade
e a improvisação, além de trabalhar valores como cooperação, ética e
solidariedade. O processo é muitas vezes tão importante quanto o produto final.
O registro dos saraus pode ser feito pelos
próprios alunos. Alguns podem tirar fotos, outros podem desenhar ou escrever
relatos. Esse registro pode ser compartilhado em murais expostos na escola.
As famílias podem ficar responsáveis por
organizar a área de comida, montando barracas de lanches e comidas
típicas. O dinheiro arrecadado pode ser usado para fazer um caixa para o
próximo sarau.
Além de ser um momento de descontração e
resgate permanente da cultura popular, o sarau é também uma oportunidade de
conhecer melhor o universo dos estudantes. Não perca a chance de usar isso como
base para enriquecer o currículo da escola. O sarau ganha mais
significado se fizer parte do planejamento anual da escola e estiver integrado
com as atividades de sala de aula.
O excesso de atividades pode complicar a organização
do evento. Sempre que possível, promova a autogestão, deixando que os
responsáveis por cada oficina organizem o espaço e providenciem o
material necessário.
O sarau é uma oportunidade de fazer as
famílias circularem pela escola. Por isso, procure espalhar as atividades pelos
diferentes espaços: biblioteca, salas de aula, sala de leitura, quadra, sala de
vídeo e outros locais normalmente esquecidos.
O que garante o sucesso de um sarau é a
participação efetiva dos convidados. Os coordenadores de atividades devem estar
sempre atentos para motivar os mais tímidos.
Fazer o registro da atividade e encaminhar o
material (com fotografias) para ser publicado no Blog Educação.
Divulgar a atividade internamente na Unidade de
Negócios, convidando os demais funcionários para prestigiar a escola.
OBSERVAÇÃO
A atividade aqui apresentada foi elaborada pelo
Instituto Paulo Freire.
sexta-feira, 29 de maio de 2015
Aluno: autor de seu próprio aprendizado
Buscar conhecimento é inerente ao ser humano e bem mais óbvio na fase infantil, quando se aprende fazendo, imitando, caindo, repetindo, ou seja, na prática. No entanto, essa busca tão natural se perde na longa trajetória do ensino formal. O aluno, quase que passivamente, transforma-se em receptor de informações e perde o status de agente do próprio conhecimento. Que tal, então, ajustar essa lógica, de modo a descentralizar o papel do professor em sala de aula e passar o bastão de protagonista ao aluno? É justamente essa a proposta das chamadas metodologias ativas no ensino, já aplicadas com sucesso no exterior e em algumas escolas brasileiras.
O Peer instruction (instrução por pares, em português), o Flipped classroom (sala de aula invertida) e o Problem-based learning (aprendizagem baseada em problemas) podem ter nomes longos e aparentemente burocráticos, mas todos esses métodos têm em comum uma ideia fixa: engajar o aluno e torná-lo autor do próprio conhecimento.
Para entender melhor do que se trata e como aplicar essas metodologias ativas de ensino, a Profissão Mestre conversou com especialistas no Brasil e nos Estados Unidos e detalha os pontos fundamentais dessas técnicas.
Especialistas afirmam que os métodos citados, inicialmente, exigem do professor trabalho dobrado, mas que, ao longo do tempo, tornam-se ferramentas práticas e efetivas no processo educativo. “Nascemos para aprender. Esse desejo é inato do ser humano, independentemente do status social, cultural ou econômico,” explica o cientista e pesquisador da Universidade de Harvard, Eric Mazur, criador do método Peer instruction.
Mazur reforça que um bebê, por exemplo, busca conhecimento a toda hora, de forma natural, tocando objetos, ouvindo sons, brincando, tentando.
“Quando vão para a pré-escola, as crianças são muito mais interessadas e animadas em sala, pois a elas são oferecidas chances de criar, desenhar, contar histórias. Já reparou que salas com crianças pequenas são um caos?”, observa Mazur. Assim que crescem e iniciam o ensino fundamental, observa-se nitidamente uma queda no interesse pelo aprendizado. “Qual é o motivo? O método muda, em vez de serem agentes que buscam o próprio conhecimento, passam a ter um papel secundário e passivo, que é o de apenas receber informação. O próprio sistema de ensino furta a criatividade do aluno”, observa o especialista.
O cientista, que também é professor de Física em Harvard, reforça ainda que o “caos” em sala de aula é muito positivo, pois evidencia o engajamento dos alunos, o que resgata o aprendizado ativo, aquele mesmo da infância. Mas para criar o caos, nesses casos, faz-se necessário um elemento de controle, e é aí que as metodologias ativas de ensino se fazem presentes. De forma geral, Mazur afirma que os três métodos baseiam-se nos mesmos pilares: transferência de informação, assimilação e entendimento dessa informação. Porém, com um detalhe fundamental: o foco está na apropriação do conhecimento pelo aluno. E é isso que faz toda a diferença. “Minhas aulas em Harvard são caóticas justamente porque há participação massiva dos estudantes,” afirma o cientista.
Acompanhe a seguir mais informações sobre cada uma dessas metodologias de ensino.
Peer instruction – Instrução por pares
Como funciona: antes da aula, o professor informa o tema e o aluno lê e pesquisa em casa. Depois, na aula, os alunos são desafiados com problemas. Em duplas, eles os resolvem até encontrar o resultado. Em seguida, toda a turma debate as possibilidades apresentadas.
Benefícios do modelo: desafiador, motivador, facilita a assimilação do conteúdo e o aprendizado.
Engana-se quem pensa que a instrução por pares se limita a sentar dois alunos juntos para que eles leiam e façam exercícios em dupla. O método se inicia com a ponta mais fácil do processo – que é a transferência de informação – e, ao mesmo tempo, com o que seria o fim: o “para casa”, que é, na verdade, a tentativa de assimilação do conteúdo. “Digo os capítulos, o tema a ser estudado, e isso é o que precisam fazer em casa, antes da aula. Ler a respeito do assunto e pesquisar”, explica Mazur, criador do Peer instruction.
No dia seguinte, já em sala de aula, uma introdução sobre o tema é feita pelo professor e, em seguida, os alunos são desafiados com problemas. “Passo alguns exercícios e deixo que eles discutam em duplas até encontrar o resultado,” diz Mazur. Depois de um tempo, é solicitado que a turma vote na resposta que seria a correta, e a ela são dadas opções, como A, B ou C. Em seguida, o professor mostra o resultado da votação, mas não entrega a resposta final. Nesse momento, ainda em duplas, os estudantes conversam e buscam uma forma argumentativa para verificar se o resultado a que chegaram seria mesmo o correto.
Em seguida, o professor mostra a resposta do problema. Alguns acertam, outros não. E é nesse momento que acontece o “clímax” da aula. Os alunos que acertaram tentam convencer os outros do porquê de a resposta ser A, e não B, sempre amparados pelo professor. “E a instrução por pares acontece assim. Como eles estão altamente motivados, o momento do ‘aha!, entendi’ surge. O conhecimento é transmitido entre eles, com suas próprias palavras”, ressalta Mazur. “O ensino ocorre somente quando há transferência de informação e quando essa informação é assimilada pelo aluno. E assimilar o assunto é o mais difícil. Por isso, o método permite que a parte mais complicada ocorra em sala de aula, com o suporte do professor, e não com o aluno sozinho fazendo o dever de casa,” diz o professor de Harvard.
Prática no Brasil
Sandro Prass é um dos pioneiros na aplicação do método Peer instruction no Brasil. Ele é mestre em Ensino de Ciências e Matemática, trabalha na Universidade de Caxias do Sul – UCS (RS) e professor de Física em dois colégios de ensino médio da Serra Gaúcha. Prass já aplica o método nas escolas em que é professor e observa nítidas diferenças no desenvolvimento de seus estudantes. Ele reforça que um dos aspectos positivos do Peer instruction é a chance de o professor se antecipar aos problemas. “Quando o aluno participa ativamente, constrói a aula junto com o professor. O educador então percebe rápido onde há dificuldade na aprendizagem e pode agir e resolver a demanda. Tradicionalmente, o professor descobriria apenas na avaliação, quando em geral já é tarde demais,” diz Prass.
Outra característica que torna o Peer instruction viável é a de que o método se ampara na linguagem dos alunos. “Parece até mágica a forma com que eles transformam longas explicações dadas pelo professor em esquemas simples, muitas vezes baseados nas suas experiências e no cotidiano”, afirma Prass. Ele observa que, quando um aluno explica algo ao seu colega, o aprendizado se dá de forma extremamente mais simples, rápida e direta, justamente pela intimidade, informalidade e simplicidade na forma de comunicação entre eles.
Um dos desafios encontrados é a dispersão entre os estudantes, uma vez que a instrução por pares é, por si só, um estímulo à conversa paralela. Para gerenciar essa situação, a própria estrutura da aula resolve a questão, comenta Prass. “É o professor quem gerencia a formação dos pares, sempre cuidando para que se tenha um aluno com dificuldade de aprendizagem junto com um que tenha facilidade. Assim, a relação entre eles acaba praticamente só focada na resolução das atividades propostas,” explica o especialista.
Por não depender de tecnologia ou instrumentos caros, é um tipo de método aplicável a todos, em escolas públicas e particulares. Prass conta que acumula experiências de sucesso no uso do Peer instruction tanto em escolas públicas como privadas, com alunos dos turnos diurno e noturno. “Se o aluno não teve tempo de estudar um material, podem ser dados cinco ou dez minutos no início da aula para que ele leia. O que parece uma perda de tempo depois se transforma em ganho”, conta o professor. “Há exemplos de alunos que persistiam em não fazer os estudos em casa e que durante as discussões perceberam-se deslocados do grupo, não tinham como participar. Semanas depois eram os mais ativos, positivamente”, revela.
Mas o Peer instruction pode ser aplicado em 100% da disciplina ou deve ser equilibrado com o método tradicional de ensino? Para responder à questão, Sandro Prass é prático e realista. “Na Física, pelo menos, há momentos em que o conteúdo a ser estudado impossibilitaria o uso do método devido a sua complexidade e a falta de conhecimentos prévios dos alunos para ancorá-los no estudo feito em casa. Daí o método tradicional, centrado no professor, seria mais eficiente”, explica.
Flipped classroom – Sala de aula invertida
Como funciona: o professor grava um vídeo com o conteúdo da aula e o aluno o assiste em casa. Depois, em sala de aula, são realizados exercícios, debates e resolvidos os problemas.
Benefícios do modelo: possibilita maior produtividade para a elaboração de conteúdos e o desenvolvimento de atividades, facilita a assimilação do conteúdo e o aprendizado.
Uma câmera na mão e várias ideias na cabeça. Com base nesse conceito, encontra-se uma ferramenta valiosa que vem mudando a prática de educadores em escolas ao redor do mundo. O Flipped classroom, ou sala de aula invertida, muda a lógica da aula tradicional. Em vez de o professor explicar o conteúdo em sala de aula, ele grava um vídeo previamente com a matéria e o aluno, em casa, assiste ao material. “Assim, deixamos a parte mais complicada, a dos exercícios, debates e resolução de problemas para a sala de aula,” diz um dos pioneiros do Flipped classroom nos Estados Unidos, Jon Bergmann, referência no assunto e cofundador do Flipped Learning Network, ONG que compartilha com outros professores as técnicas do método. “A introdução ou explicação da matéria deve ocorrer antes da aula. Assim, a parte mais complicada do processo, que é assimilação do conteúdo, ocorre em sala, junto com o professor”, explica Bergmann. Ele, que durante 24 anos foi professor dos ensinos fundamental e médio em escolas americanas, explica que o método funciona em diversas áreas de ensino, de grandes universidades – como Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e Harvard – à educação infantil.
Bergmann diz que o vídeo não precisa ser longo. E esse é um dos erros mais comuns cometidos. “Deve conter 1 minuto e meio por ano escolar. Se a turma é do 4º ano do ensino fundamental, o vídeo deve ter no máximo 6 minutos. Isso porque, quanto mais jovem, menos atenção a criança consegue manter”, diz o especialista.
O lado bom de expor o assunto em vídeo é que o aluno pode voltar a gravação, pausar e rever quantas vezes precisar. “Quando esse método foi iniciado, 25% dos alunos não tinham internet em casa. Mas isso não era um problema, pois eles podiam assistir ao DVD no computador ou, se não tinham computador, poderiam assistir ao DVD no aparelho de casa”, comenta o especialista. Bergmann observa que é fundamental que o educador apareça na gravação, e não apenas o tema em si sendo discutido no quadro. “A interação professor/aluno deve existir. A gravação precisa ser bem planejada, curta, ter humor, ser dinâmica (com boa e altiva entonação de voz), e o áudio precisa ser bom”, explica Bergmann. Mas isso não significa que o vídeo tem que ser em alta resolução ou com qualidade superior. “O que mais deve ser levado em conta é o planejamento da aula. Mas, no geral, o vídeo pode ser bem simples”, orienta.
Desafios
No Brasil, o professor Cláudio Oliveira, diretor-geral do Instituto Superior de Educação de São Paulo, o Instituto Singularidades, já forma e capacita educadores no uso da metodologia. Para ele, há dois desafios principais na implementação do Flipped classroom. “É necessário que as escolas estabeleçam uma proposta pedagógica adequada a essa nova metodologia. Não faz sentido tentar adaptar uma proposta pedagógica elaborada para ser desenvolvida em uma metodologia tradicional”, afirma Oliveira. Para tanto, é necessário uma revisão dos objetivos de aprendizagem de cada conteúdo (disciplina ou área de conhecimento) e a elaboração de atividades.
O segundo desafio é mais concreto: construir uma cultura digital nas instituições de ensino. “Os professores, coordenadores e diretores precisam conhecer os recursos tecnológicos, as ferramentas e as práticas pedagógicas que favoreçam o desenvolvimento de atividades colaborativas”, observa Oliveira.
O especialista diz ainda que não basta entregar a tecnologia ao educador, ele dever ser capacitado para usá-la. “Devidamente preparado, instrumentado, o professor rapidamente percebe que a produtividade tanto para elaboração de conteúdos quanto para o desenvolvimento de atividades é bem maior com essa nova metodologia”, afirma.
Problem based learning – Aprendizagem baseada em problemas
Como funciona: organiza-se a partir da investigação de problemas. Estudantes e professores analisam e propõem soluções para situações cuidadosamente elaboradas.
Benefícios do modelo: garante ao estudante a possibilidade de aprender conteúdos e de desenvolver competências e habilidades fundamentais para a vida em sociedade.
Nem sempre um problema é “um problema”, daqueles chatos e monótonos de se resolver. Muito pelo contrário, discutir algo polêmico em sala de aula pode ser a solução de ensino para muitas escolas. É o que propõe a Problem-based learning (PBL), também chamada de aprendizagem baseada em problemas (ABP). A técnica foi sistematizada na década de 1960 no curso de Medicina da Universidade McMaster, no Canadá. Diferentemente de outras estratégias de ensino ativas citadas na reportagem, essa é a que exige, talvez, uma mudança mais estrutural e sistêmica na forma e no conceito de ensino. “A ABP se organiza a partir da investigação de problemas. Estudantes e professores se envolvem na análise e na proposta de soluções para situações que são cuidadosamente elaboradas, na construção de um currículo, com o objetivo de garantir ao estudante a possibilidade de aprender conteúdos e de desenvolver competências e habilidades fundamentais para a vida em sociedade”, explica Renato Matos Lopes, um dos precursores do método no Brasil e pesquisador do Laboratório de Comunicação Celular do Instituto Oswaldo Cruz.
Os problemas envolvem os estudantes com fatos da vida diária, tanto da escola como doméstica, da cidade ou com as futuras ocupações, no caso de cursos profissionalizantes. O problema apresentado é o ponto de partida e conduz o processo de aprendizagem dos estudantes, que é organizado em ciclos de aprendizagem. “Uma parte importante desse processo é a identificação das deficiências de conhecimento do grupo de estudantes – que dificultam ou impedem a proposição de soluções para o problema. Esse levantamento de ‘lacunas no conhecimento’, feito em grupo e com foco na solução do problema, gera uma etapa de estudos autodirigidos”, explica Lopes.
Ele destaca que cada estudante se debruça em um momento individual de estudos e retorna ao grupo, em um segundo encontro, para compartilhar as informações. “O que nós já sabemos? O que nós precisamos saber? De que forma podemos encontrar as informações necessárias? Essas são as três perguntas básicas de investigação para aplicar a ABP”, afirma o pesquisador.
Prática
Por que o Ministério da Saúde libera para consumo um refrigerante muito conhecido que dizem, pelo senso comum, ter muito ácido e que pode ser aplicado para limpar mármores, tirar etiquetas de multa de trânsito, desenferrujar pregos? “A partir dessa pergunta, o ABP se inicia. Pode ser indagado se outros refrigerantes são igualmente ácidos. Portanto, é possível conduzir os alunos para uma prática de volumetria, objetivando comparar a acidez de diferentes refrigerantes e discutir não só conceitos da Química, mas de diversas disciplinas que compõem o currículo do ensino médio”, propõe Lopes.
O pesquisador observa que a ABP apresenta três características principais: insere os estudantes como protagonistas do processo de ensino e aprendizagem, colocando-os como parte interessada na resolução da situação-problema; organiza o currículo ao redor de problemas holísticos, espelhados no mundo real, o que permite ao estudante desenvolver uma aprendizagem significativa; e, por último, na ABP, o papel do professor muda: ele atua mais como orientador dos alunos, que são divididos em pequenos grupos.
Capacitação docente
Mas para que essa engrenagem funcione, a capacitação dos professores é fundamental, o que pode ser feito em cursos de formação continuada. “A formação inicial dos professores necessita ser repensada e, nesse sentido, as metodologias ativas de ensino, tais como a ABP, deveriam ser incorporadas nos cursos de Pedagogia e Licenciatura”, sugere o pesquisador. Para Lopes, torna-se um grande desafio formar professores de modo tradicional, por meio de processos narrativos e pautados em uma “educação bancária”, como caracterizado por Paulo Freire em sua obra Pedagogia do oprimido, e, posteriormente, “quando esses professores estão nas escolas, solicitar que atuem com essas metodologias”, conclui Lopes.
Escrito por Indrid Furtado. Retirado de http://www.profissaomestre.com.br/index.php/reportagens/ensino/966-aluno-autor-de-seu-proprio-aprendizado
Os vínculos afetivos e a geração Y
Júlio Furtado, educador, escritor, palestrante e colunista da Gestão Educacional, aborda no vídeo a importância dos vínculos afetivos no processo de ensino e aprendizagem. Ele também fala do que muda na educação quando se trata dos jovens da chamada geração Y, que têm imposto novos desafios aos professores.
Assista o vídeo em:
Arte em Cartão Postal
O correio também pode servir de inspiração artística. É isso que defende a arte postal, criada em meados do século XX em Nova York (EUA). Trata-se de uma forma de arte que utiliza objetos relacionados ao correio como meio de produção. O formato, que ficou popular nas décadas de 1970 e 1980, é composto pela troca de cartas ilustradas, fanzines, envelopes decorados ou ilustrados, cartões postais, objetos tridimensionais etc. Essa arte segue um princípio básico: todos podem mandar e receber postais, mas sem fim comercial, o que faz com que essa modalidade artística não seja priorizada em galerias e mostras.
Para Carlos Zürck Cruz (foto ao lado), professor de Artes no Colégio Estadual Herbert de Souza (RJ), a arte postal tornou-se uma maneira eficaz de cumprir o conteúdo didático previsto pelo currículo escolar e também de envolver os alunos em um projeto cativante. “O projeto surgiu da necessidade de abordar a arte contemporânea – exigida no currículo mínimo lançado pela Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro no início daquele ano (2012) –, de forma dinâmica, lúdica e afetiva, e também como elemento ‘provocador da criação artística’, com base na introdução da linguagem visual da arte postal com a técnica da fotografia, também exigida no currículo mínimo”, explica o educador. Cruz, que sempre teve afinidade com as artes e atuou em jornais estudantis (quando ainda era aluno) e posteriormente em agências de publicidade, conta que a docência surgiu devido ao contato com uma ex-namorada. “Depois de seis, sete anos como artista gráfico, tentei o vestibular de Artes. Como, na ocasião, namorava uma estudante de Pedagogia, a educação foi me contagiando e, ao final, optei por cursar Educação Artística ou Arte Educação, como queira”, relembra o professor.
A relação de Cruz com as artes deu origem, em 2012, ao projeto Arte Postal, do qual já participaram 120 alunos da instituição carioca. “A ideia consistia na produção de postais fotográficos que tinham como norte temático a ‘rua’ e o reconhecimento, além da valorização e do registro visual de seus aspectos conceituais, por meio dos subtemas poética, convívio, vivência e convivência”, comenta. O projeto conta com um diferencial: as imagens só podiam ser captadas por meio de câmeras de celulares. “Não se pode negar que a tecnologia digital, como toda tecnologia, influencia diretamente a formação do indivíduo e a produção artística contemporânea. Portanto, a arte está intimamente ligada ao ‘tempo tecnológico’, e o artista contemporâneo lança mão desses meios”, afirma Cruz. E continua: “Com a adoção do celular como tecnologia e a fotografia com o celular como suporte para a experiência artística, eles perceberam que podem expressar suas ideias, transformar ‘tecnologia de ponta’ em arte, ou seja, em expressão artística pessoal”.
As atividades
As aulas do professor Carlos Cruz não se limitaram apenas ao ensino da arte postal. O educador também debateu com seus alunos o trabalho dos correios na atualidade, a evolução da comunicação, o contexto dos correios no Brasil e no mundo na época do surgimento dessa forma de expressão, as diferenças entre o cenário de 30, 40 anos atrás e a sociedade atual. Outro aspecto das atividades foi o lançamento de uma convocatória (em português, inglês, francês, espanhol e italiano) em sites especializados em arte postal do mundo todo, a artistas dessa área. Com a convocatória, vários artistas entraram em contato com os alunos, o que ampliou o intercâmbio cultural promovido pelo projeto. “Em paralelo, [fizemos] a criação de selos e carimbo exclusivos, relativos ao tema e à escola; impressão e produção dos postais [no tamanho] de 10x15 cm; exibição e análise dos trabalhos recebidos – tudo isso em três meses, percorrendo o segundo bimestre e o primeiro mês do terceiro bimestre letivo”, complementa Cruz. Ao final do quarto bimestre, os postais criados pelos alunos foram expostos na escola, enquanto 24 trabalhos (quatro por turma, um por subtema) escolhidos pelos alunos foram enviados para os artistas que responderam à convocatória. “O trabalho foi um sucesso tanto em termos de empenho, qualidade e produção dos alunos (mais de 120 trabalhos) quanto em obras recebidas. Entre trabalhos nacionais e internacionais, foram recebidas mais de 20 obras de artistas de diversas partes do mundo, com oito países envolvidos (Argentina, Bélgica, Canadá, Estados Unidos, Espanha, França, Inglaterra e Japão), além do Brasil”, revela o professor.
Os alunos se mostraram muito orgulhosos dos resultados obtidos. “Ainda que familiarizados com os artefatos tecnológicos mais contemporâneos, as atividades artísticas mostraram possibilidades que ainda eram uma condição desconhecida para os alunos, então novos valores e significações foram criados por meio do uso expressivo dessa tecnologia tão íntima do alunado”, afirma o professor. O sucesso do projeto também é notado pela direção da escola. “Sua arte, além de estreitar a relação professor-aluno, possibilita diferentes olhares, e essa troca enriquece constantemente a vida dos alunos de uma maneira acessível a todos, já que a principal produção da imagem vem por meio da fotografia digital, que é utilizada atualmente por todas as gerações”, reconhece Heloisa Helena, diretora adjunta do Colégio Estadual Herbert de Souza.
Prêmio
O reconhecimento veio também de fora da escola. O projeto Arte Postal foi um dos cinco vencedores do XIV Prêmio Arte na Escola Cidadã, em 2013, o que, para o professor Carlos, foi motivo de orgulho e comprovação da qualidade do trabalho realizado. “Eu sabia, pela minha experiência, do potencial do projeto. Mas o sucesso deve-se apenas ao fato de os estudantes terem ‘comprado’ a ideia, por meio dessa percepção intuitiva que o jovem tem, desde o primeiro momento”.
O projeto continua no Colégio Herbert de Souza, agora em parceria com o Colégio Estadual Julia Kubitschek, localizado também no Rio de Janeiro (RJ). E Cruz deixa aberta a possibilidade de ampliar ainda mais as atividades. “O futuro é uma hipótese, mas é possível que depois dessas duas experiências, a internacional e a entre escolas do estado no mesmo município, cheguemos ao final deste ano com uma terceira possibilidade que ainda não se pode vislumbrar, não antes de encerrar esse período e avaliarmos os resultados”, conclui.
Matéria de Fábio Torres
Além da Sala de Aula (2011)
Data de lançamento: 24 de abril de 2011 (mundial)
Direção: Jeff Bleckner
Duração: 1h 40m
Stacey Bess (Emily VanCamp) sempre desejara tornar-se professora e, desde os tempos de escola, batalhara muito para isso. No entanto, aos 16 anos, acaba engravidando e adiando o tão esperado sonho.
Mais tarde, recém-formada e com o apoio do marido e dos dois filhos, ela finalmente parte em busca do primeiro emprego, acreditando ter alcançado suas expectativas. Mas, ao contrário de tudo o que pensara, a escola para qual fora encarregada de trabalhar era um prédio que há muito se transformara em um abrigo para pessoas sem lar.
A sala de aula se encontrava inteiramente deteriorada; não havia material escolar nem verbas nem diretor; os pais das crianças não demonstravam o menor interesse pela educação dos filhos; e, para piorar, seus alunos eram rebeldes e desrespeitosos.
Assim, por muitos dias Stacey se sentiu desapontada e sem o menor estímulo para continuar com a árdua função de ensinar as crianças que se propôs a educar. No entanto, para não decepcionar os filhos, ela decide encarar a situação de frente e sair à procura de verbas. Mas só encontra resistência por parte de pessoas influentes.
Contudo, determinada a fazer algo genuinamente importante para ela e pelos outros, ela planeja medidas inovadoras, que mudarão para sempre sua percepção sobre o mundo e de todas as pessoas que dependem dela.
"Além da Sala de Aula" é baseado em fatos reais e mostra os desafios de uma jovem professora, que faz o que está ao seu alcance para dar aos alunos uma perspectiva de vida melhor.
Brincando no Espelho - Lamlupe (Laboratório Multidisciplinar Lúdico Pedagógico)
Não consegue assistir? Acesse pelo You Tube
A expressão corporal trata-se de uma forma de comunicação em que o corpo "fala" através dos movimentos e da expressão facial. Neste vídeo, o professor José Urbano nos ensina como a comunicação e a expressão ajuda no aprendizado.
POR QUE TRABALHAR PROJETOS MULTIDISCIPLINARES?
Projeto multidisciplinar é um ótimo recurso para ensinar desde os anos iniciais, pois além de motivador, esta ferramenta faz com que os alunos construam seus conhecimentos interligando as diversas áreas da aprendizagem; faz com que os alunos compreendam as relações existentes entre as linguagens e dão a eles a oportunidade de transformar a sala de aula em uma comunidade de investigação e pesquisa.
O projeto multidisciplinar constitui uma condição para a melhoria da qualidade do ensino, pois supera a clássica fragmentação existente entre as disciplinas e contribui para a formação global do educando.
Ao estabelecer um diálogo entre os conteúdos, levantam-se questões interdisciplinares e identificam-se pontos comuns entre eles, levando o educando a um melhor entendimento do mundo concreto e à compreensão destas relações.Desenvolver competências e habilidades são as palavras de ordem na educação contemporânea, e isso significa possibilitar que os alunos adquiram os saberes fundamentais, que os preparem para a nova realidade social e para o mercado de trabalho; neste sentido, o professor precisa mudar sua postura frente à classe, ou seja, proporcionar atividades que integrem as diversas disciplinas e que façam com que o aluno aprenda a identificar, avaliar, formar, analisar situações e relações, cooperar, agir, participar, partilhar, organizar, construir, elaborar conceitos e gerenciar, que são saberes fundamentais para a construção da autonomia.
Baseado neste discurso, eu acredito que Projetos Multidisciplinares, ao permitirem uma interrelação entre as disciplinas do currículo escolar, passam a ter fundamental importância no desenvolvimento de tais competências e habilidades, visto que no dia-a-dia proporcionam o exercício da busca e da descoberta, aguçando a curiosidade, a criatividade e aumentando no aluno a capacidade de dominar novas informações e relacioná-las com as antigas; fatores primordiais para o sucesso da aprendizagem.
Projetos multidisciplinares promovem a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. O que é isso? É identificar os pontos comuns, as relações existentes entre os conteúdos e transportá-los também para as suas ações diárias, contextualizá-los. É fazer com que os conteúdos aprendidos na escola tenham aplicabilidade e tenham significado na vida cotidiana do educando; ou seja, que não sejam apenas “matérias” isoladas, sem sentido, decoradas apenas para fazer prova. Estas ligações podem facilitar o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que constroem o conhecimento de forma prazerosa, participativa e interessante, resgatando o gosto de aprender.
O conhecimento construído através dos Projetos Multidisciplinares deve possibilitar a análise crítica de valores sociais, desenvolver o respeito mútuo – uma vez que requer uma maior interação entre os alunos – e fortalecer a aquisição de hábitos saudáveis, pois faz com que o aluno se reconheça como elemento integrante do processo e permite maior conscientização sobre os diversos aspectos relacionados às situações cognitivas, afetivas e sociais ao permitir o uso de estratégias individuais e grupais nas práticas e resoluções de problemas.
Um Projeto Multidisciplinar bem planejado, onde a equipe pedagógica esteja realmente envolvida, que não seja imposto, que motive e seja direcionado para o interesse da turma, tende a obter sucesso, mas é, sem dúvida, uma tarefa que requer grande esforço de todas as partes, pois exige a ruptura com o ensino reprodutor e com o saber parcelado que é onde existe a divisão do pensamento e do conhecimento. Exige uma contínua interinfluência entre teoria e prática de modo que se enriqueçam reciprocamente; e exige intervenção e avaliação continuada.Enfim, o pensar e agir interdisciplinar e multidisciplinar se apoia no princípio de que nenhuma fonte de conhecimento é em si mesma completa, e que ao se interagirem surgem novos desdobramentos na compreensão da realidade e de sua apresentação.
As pipas podem ser um ótimo exemplo ou recurso para ensinar Português, Matemática, Geografia, Artes, História, Educação Física, Ciências, Química, Física e valores. Trabalhada de forma interdisciplinar e multidisciplinar, desenvolve a criatividade, a coordenação psicomotora, o espírito de equipe; incentiva a pesquisa, a leitura e a produção de texto; resgata brincadeiras populares, ensina formas geométricas, medidas e sistema métrico; a diversidade cultural; prevenção de acidentes; fundamentos físicos, misturas e processos químicos; grandes descobertas a partir da dinâmica do voo da pipa; enfim, com um pouco de criatividade, o professor pode navegar pelo conteúdo de sua disciplina utilizando recursos inimagináveis, reorganizando, refazendo, replanejando, reavaliando sua prática e reinventando a educação de qualidade.
Vanja Ferreira – Mestre em Educação, pedagoga, coordenadora pedagógica, escritora, docente universitária, educadora física, gestora escolar e Prêmio Victor Civita Professor Nota 10.
Matéria publicada no "JORNAL VIRTUAL PROFISSÃO MESTRE
Acesse www.profissaomestre.com.br
Pedagogia do Amor
Num tempo em que a aparência vale mais do que a essência e a competição impera nos relacionamentos, é imprescindível falar com nossas crianças sobre companheirismo, amizade, amor. Num tempo em que a esperança parece cada vez mais escassa, é fundamental reavivar nossa confiança em dias melhores. Num tempo em que os valores que devem nortear a vida em sociedade são progressivamente esquecidos, é um estímulo encontrar obras como Pedagogia do Amor, de Gabriel Chalita, escritor e professor.
Em seu livro, Chalita buscou mostrar aos pais e professores a contribuição das histórias universais para a formação de valores da nova geração, tão carente de princípios como respeito, solidariedade e idealismo. O autor tenta fazer isso de forma lúdica, querendo, em um primeiro momento, resgatar no leitor adulto esses valores, para que, na sequência, ele passe isso para seus alunos, seus filhos. São dez histórias da literatura universal es colhidas por Gabriel pela relevância de seus ensinamentos. O autor diz que pretende resgatar em nós, adultos, a criança que um dia já existiu. Segundo ele, “uma criança que com o passar dos anos – e de todas as exigências que vêm no seu encalço –, vai se tornando cada vez mais reclusa e esquecida dos valores nobres que dão a ela dignidade e fidelidade aos seus princípios mais básicos: ser feliz e fazer o outro feliz.”
Para o escritor, as obras de arte têm como uma de suas características a capacidade de romper a barreira do tempo e do espaço, preservando sua atualidade. Os grandes clássicos da literatura, por exemplo, retratam em suas narrativas as grandes questões universais. Gabriel escolheu, entre esses textos mundialmente conhecidos, histórias como a do Patinho Feio, da Cinderela, de Dom Quixote, de Hércules, e textos da Bíblia, como Davi e o gigante Golias e a história do rei Salomão.
O rei Salomão e o valor da sabedoria
Salomão foi filho de Davi, o grande rei de Israel. Após sua morte, foi Salomão quem o sucedeu. A Bíblia conta que, certa noite, Salomão teve um sonho. Sonhou que Deus dizia: “Pede o que queres que Eu te dê.” Salomão, ainda jovem, com prudência admirável, pediu a Deus que lhe desse sabedoria para governar. Diz a Bíblia que Deus agradou-se tanto do pedido que, além de sabedoria, deu a Salomão tudo mais que um homem pode querer: poder, riqueza, inteligência, glória e muitos anos de vida para poder aproveitar tudo isso.
É bastante conhecida a história que versa sobre a sabedoria de Salomão – a de duas prostitutas que vieram até ele exigindo, ambas, a guarda de uma criança. Uma delas disse que a outra havia dormido em cima de seu verdadeiro filho, matando-o sufocado. Ela então trocou as crianças enquanto a outra dormia com seu bebê saudável. Entretanto as duas diziam ser a mãe do bebê. Salomão mandou que trouxessem uma espada para cortar ao meio a criança viva e dar uma metade para cada mulher. A falsa mãe deu de ombros, mas a verdadeira desesperou-se. Salomão então deu o bebê à mulher que nutria verdadeiro amor pelo filho.
“Saber é poder”, diz o dito popular. Isso faz com que pensemos a respeito da importância da sabedoria em nossas vidas e de como ela pode abrir portas para as mais variadas conquistas. O saber é o instrumento que nos garantirá uma vida mais digna e nos proverá o bem-estar essencial para nossa felicidade. E é necessário muita dedicação para conquistá-lo e para torná-lo nosso aliado nas batalhas do dia a dia.
Aliás, o que será que pediriam os moços e as moças de nossa geração se lhes fosse dada a mesma oportunidade oferecida ao rei Salomão? O que desejariam receber? O que considerariam mais importante na vida? Felizmente começamos a ver jovens presentes em campanhas fraternas, trabalhos voluntários, projetos voltados às comunidades carentes. Um indício de sabedoria.
É nosso dever incentivar essa mudança e prosseguir incutindo em nossas crianças e adolescentes lições e exemplos que contribuam à formação de seu caráter para que possamos moldar seres humanos mais sábios, empreendedores e competentes. Seres que tragam em si a prudência e a sensatez do rei.
O Patinho Feio e o valor do respeito
Quem não conhece a história do Patinho Feio? Quem nunca sofreu ou ao menos se comoveu com sua trajetória de sofrimento apenas por ser considerado feio e estranho aos seus? A riqueza da história de Hans Christian Andersen reside na capacidade de nos tocar profundamente, de despertar em nós o sentimento de amor ao próximo, de solidariedade e de respeito às diferenças.
Na história, como na vida real, o preconceito de cor, gênero, credo ou classe social prescinde de lógica e de racionalidade para se estabelecer. Não há alegação plausível, nem por parte dos intolerantes, a capacidade de refletir sobre a importância do outro como peça fundamental no jogo social. Um jogo que necessita das relações de troca, de amizade e de aprendizado que vêm da convivência pacífica entre todos – independentemente da origem ou da história de cada um.
Seja em casa ou na escola, temos o dever de orientar nossas crianças para a aceitação do outro, para a compreensão de que condutas preconceituosas só colaboram para a degradação das relações e da sociedade com um todo. A mensagem de Andersen é clara: a despeito das experiências dolorosas, temos de continuar acreditando em nós mesmos e também nos outros – mesmo que, a princípio, pareçam tão diferentes. Temos de acordar para o fato de que todos podemos ser como cisnes belíssimos, prontos para aproveitar a primavera e para viver uma vida pacífica e digna.
A responsabilidade é nossa
Diz Gabriel Chalita: “Devemos estar conscientes da importância de nosso papel e amparar, reerguer, reavivar os sentimentos, valores e atitudes que poderão renovar a confiança em dias melhores. Que essa consciência seja uma realidade e um estímulo a vocês, companheiros de jornada, colegas de cena neste teatro fabuloso que é a escola da vida.”
Façamos com amor, sabedoria e respeito a nossa parte!
Fonte: revista Profissão Mestre (por Valéria Poletti)
Link de acesso: http://www.gabrielchalita.com.br/index.php/features/educacao-em-foco/item/763-pedagogia-do-amor.html
Pedagogo
Indivíduo que se ocupa dos métodos de educação e ensino.
O QUE É?
O QUE É?
O pedagogo é o profissional especialista em educação, sua função é produzir e difundir conhecimentos no campo educacional. Ele precisa ser capaz de atuar em diversas áreas educativas e compreender a educação como um fenômeno cultural, social e psíquico complexo e capaz de produzir e difundir conhecimentos no campo educacional.
QUAIS AS CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS?
É preciso ter capacidade de planejamento e execução de planos, dinamismo, além de saber comunicar e transmitir idéias. Este profissional precisa estar preparado para enfrentar, com criatividade e competência, os problemas do cotidiano, ser flexível, tolerante e atento às questões decorrentes da diversidade cultural que caracteriza nossa sociedade. Características desejáveis: equilíbrio emocional trabalhar bem em equipe objetividade criatividade gostar de lidar com público capacidade de comunicar-se ter iniciativa gostar de ensino desembaraço
QUAL A FORMAÇÃO NECESSÁRIA?
Para atuar como Pedagogo, é indispensável que o profissional possua o Ensino Superior em Pedagogia que tem duração de quatro anos. Para se especializar na área de Educação/Ensino, o profissional pode optar por cursos como: Especialização em Administração Escolar; Especialização em Formação de Recursos para Educação Infantil; Especialização em Educação Especial-Deficiência; Mestrado em Educação Escolar. Atualmente, além da formação comprovada e do domínio das tecnologias de informação e educação, uma das características mais importantes para o pedagogo é a capacidade de gerenciamento da formação continuada.
PRINCIPAIS ATIVIDADES
Dentre as atividades do pedagogo destaca-se a administração escolar, onde realiza estudos e pesquisas nas áreas pertinentes á educação e coordenação de cursos visando ao aperfeiçoamento do ensino e suas técnicas; o magistério pré-primário, onde tem como responsabilidade o planejamento, orientação e coordenação de atividades técnico-pedagógicas e administrativas do ensino pré-primário; a educação de deficientes da áudio-comunicação, lecionando, planejando, organizando e coordenando cursos; a orientação educacional a fim de ajudar o aluno a ajustar-se ao ambiente escolar e ao meio social em que vive, através do desenvolvimento da personalidade e do encaminhamento vocacional. O pedagogo atua também na supervisão de ensino em empresas, na área de Recursos Humanos (organização e coordenação de cursos).
ÁREAS DE ATUAÇÃO E ESPECIALIDADES
Administração escolar: gerenciar estabelecimentos de ensino, supervisionando recursos humanos, materiais e recursos financeiros necessários ao funcionamento. Ensino: lecionar no ensino fundamental ou médio e, com pós-graduação no ensino universitário. Educação Especial: desenvolver material didático e lecionar para crianças e adultos portadores de alguma deficiência. Orientação Educacional: orientar e ajudar estudantes no processo de aprendizagem com uso de métodos pedagógicos e psicológicos. Supervisão educacional: orientar e avaliar professores e educadores visando à qualidade do ensino. Treinamento de recursos humanos: desenvolver programas de treinamento para funcionários de uma empresa. Assessoria pedagógica em serviços de difusão cultural (museus, centros culturais) e de comunicação de massa (jornais, revistas, televisão, editoras, rádios, agências de publicidade); Terceiro Setor (ONGs): na coordenação de programas e projetos de natureza educativa nas áreas da saúde, meio-ambiente, trânsito, PROMOÇÃO social, lazer e recreação, etc.
MERCADO DE TRABALHO
Este é um mercado de trabalho bastante concorrido, mas que está sempre em expansão tanto no setor público como no privado, devido à demanda da escola gerada pelo crescimento demográfico. Uma garantia disso é que a educação é o único setor que tem desde a constituição de 1998, recursos públicos obrigatoriamente vinculados que devem ser destinados para a educação. Os mais bem preparados têm o seu lugar assegurado no mercado de trabalho. Aí está a grande importância em escolher a escola que cursará Pedagogia.
CURIOSIDADES
A história da educação e da formação de profissionais habilitados para ensinar, no Brasil, começou com os jesuítas, ordem religiosa que veio juntamente com os colonizadores na tentativa de catequizar os índios. Em 1759 os jesuítas foram expulsos do território brasileiro, na época eles mantinham 36 missões, 17 colégios e seminários, além de inúmeras escolas de primeiras letras. Depois da saída da Cia de Jesus a educação ficou durante quase um século estagnada, só então no Império foram fundadas as primeiras escolas de formação de professores. Em 1934, Anísio Teixeira fundou o primeiro curso de nível superior para professores e fundou o Instituto da Educação, no Rio de Janeiro, então capital do Império. A maior contribuição brasileira à pedagogia internacional foi a invenção de um sistema de alfabetização de adultos aplicado no Rio Grande do Norte, em Sergipe e em Pernambuco, por Paulo Freire em 1950.
texto retirado de http://www.brasilprofissoes.com.br/profissao/pedagogo/
Fora da Escola
Com a valorização social do conhecimento, pedagogos passam a ser requisitados também em instituições e espaços não escolares
Brinquedotecas, um dos espaços de atuação dos pedagogos
O campo de trabalho do pedagogo não se limita mais às escolas. "Antes, a pedagogia era restrita às séries iniciais e a determinadas funções na escola. Hoje pode ser uma aliada em outras áreas, nas quais os pedagogos se inserem em equipes multidisciplinares", diz a pedagoga e consultora Sueli Dib.
As possibilidades são as mais variadas: organizações sociais, brinquedotecas, clubes, hotéis, desenvolvimento de materiais e metodologias para a educação a distância e, até, empresas e hospitais. Essas oportunidades, analisa Sueli, surgem em virtude do eixo da formação do pedagogo: a aprendizagem, cada vez mais valorizada na sociedade do conhecimento.
"A pedagogia habilita para a didática e metodologia de ensino, que são essenciais para quaisquer outras áreas do conhecimento", diz a consultora. Uma área que está conquistando espaço com a rápida difusão das novas tecnologias da informação é o design instrucional - planejamento de materiais para a educação, especialmente educação a distância.
Desse modo, o pedagogo cria ciclos de atividades e um plano geral de curso, além de definir quais são as técnicas mais adequadas ao propósito do curso e as melhores ferramentas de avaliação. Essa especialidade está bastante ligada à educação a distância, mas não se limita a ela. "O profissional pode aplicar esses métodos em treinamentos presenciais e em cursos acadêmicos também", explica Sueli.
Os pedagogos também estão sendo requisitados a atuar nos setores de recursos humanos de empresas. Nesse ambiente, atuam com o objetivo de aprimorar os processos da empresa por meio da valorização do conhecimento e da aprendizagem. Ou seja, trabalham para a instalação de uma cultura de formação continuada e de constante busca de informações e conhecimento com a finalidade de melhorar a qualidade do atendimento dos clientes e o relacionamento com os funcionários.
"O conhecimento que o pedagogo adquire sobre aspectos sociais e psicológicos do ser humano durante o curso se tornou importante no contexto mais amplo do mercado de trabalho, ampliando suas possibilidades de inserção profissional", diz a vice-presidente da Associação Universitária de Pedagogia do Brasil, Wania Madeira.
Desse modo, além de empresas, o pedagogo também encontra espaço de trabalho em equipes multidisciplinares, agregando suas competências às de profissionais das mais diversas áreas: engenheiros, arquitetos, médicos, web designers , publicitários, entre tantas outras.
Nesse contexto em que uma visão mais interdisciplinar do conhecimento está ganhando espaço, a pedagoga Vera Melis, da Organização Mundial pela Educação Pré-Escolar (Omep), conta que tem sido convidada por médicos pediatras para falar sobre desenvolvimento infantil e sobre cuidados com bebês e crianças. "É um movimento interessante e importante acontecendo que pode ser muito positivo no sentido de melhor colaborar para o desenvolvimento das crianças", diz Vera.
Outra área que tem se destacado é a pedagogia hospitalar, voltada para crianças ou jovens que ficam internados por longos períodos e, por isso, ficam impedidos de frequentar a escola. Nesse contexto, o profissional não só realiza atividades didáticas com o paciente, mas também dá apoio psicoafetivo a ele e à família a fim de facilitar a adaptação ao espaço hospitalar.
Texto de Marta Avancini retirado de http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/165/fora-da-escola-234900-1.asp
quinta-feira, 28 de maio de 2015
PEDAGOGIA DE PROJETOS
“A educação é um processo de vida, não uma preparação para a vida presente, tão real e vital para o aluno como o que ele vive em casa, bairro ou nos pátios.”
(Dewey)
AUTORA
Soraya Mendonça Marques
(Pedagoga e Professora)
soraya@pedagogiaaopedaletra.com
A prática de projetos é inerente à própria história da humanidade e utilizar esta prática em todas as fases escolares, propicia o desenvolvimento e a aproximação com uma atividade que é e faz parte do nosso desenvolvimento. Com isso, precisamos antes de tudo, auxiliar os nossos alunos a sonhar; a pensar; a traçar objetivos, estratégias, caminhos, alternativas; a tirar conclusões e a construir o seu conhecimento.
PALAVRAS – CHAVE
Pedagogia de Projetos; Objetivo; Planejamento; Educação.
INTRODUÇÃO
O maior dos projetos que encontramos como exemplo é o da criação do próprio Universo. Explicar esse início é uma afirmação distante de um consenso. A Ciência busca caminhos, a Teologia há muito determinou seu padrão. E nesse contexto vai se desenvolvendo a História da humanidade.
Apesar de não conhecermos efetivamente o início de tudo, se trata do mais perfeito projeto que conhecemos. Assim, o desenvolvimento desta fantástica aventura possui fases e caminha, na maioria das vezes, na incerteza. Os novos rumos são construídos, surgem novos desafios e novos caminhos são tomados. Existem as diversidades, divergências, concepções diferentes, ou seja, estão presentes os elementos do inesperado.
BASE CONCEITUAL
A discussão sobre Pedagogia de Projetos não é nova. Surgiu no início do século, com John Dewey e outros representantes da chamada Pedagogia Ativa. William Heard Kilpatrick, discípulo de Dewey, professor de Pedagogia da Universidade de Colúmbia, lançou, em 1918, a idéia de projetos como uma atitude didática. E, segundo ele, “o projeto constitui uma atitude intencional, com sentido, que se realiza em um ambiente social…, um ato interessado em um propósito”. Esta proposta de Kilpatrick foi inspirada, principalmente em Dewey: “todo conhecimento verdadeiro deriva de uma necessidade”. A humanidade desenvolveu-se tratando de obter conhecimentos que satisfizessem as suas necessidades.
Na atualidade, a Pedagogia de Projetos ganha força com César Coll, Fernando Hernandez, entre outros, quando ocorre uma série de reflexões sobre o papel da escola, sua função social, o significado das experiências escolares para aqueles que dela participam. Apresenta-se ainda como uma concepção de posturas pedagógicas, e não meramente como uma técnica de ensino mais atrativa. Ela possibilita uma escola alicerçada no real, aberta a múltiplas relações com o exterior, onde o aluno trabalha intensamente e dispõe dos meios para afirmar-se. Permite que ele construa o sentido de sua atividade e oportuniza ao aluno viver com alegria, entusiasmo e conflito suas experiências, propiciando-lhe melhor compreensão da historicidade do nosso tempo, facilitando sua formação como pessoa consciente de seu papel de construtor da história.
FUNÇÃO DO PROJETO
A função do projeto é a de tornar a aprendizagem ativa, interessante, significativa, real e atrativa para o aluno, englobando a educação em um plano de trabalho agradável, sem impor os conteúdos de forma autoritária. Assim, o aluno busca e consegue informações, lê, conversa, faz investigações, formula hipóteses, anota dados, calcula, reúne o necessário para a solução dos conflitos cognitivos e, por fim, converte para a construção e ampliação de novas estruturas de pensamento.
No processo de inovação curricular, do qual o trabalho por projetos é apenas uma parte, há que se romper com a concepção de neutralidade dos conteúdos escolares, que passam a ganhar significados diversos dos alunos. O acervo de conhecimentos transmitidos, na classe, durante as fases de um projeto, supera em muito os conhecimentos que poderiam ser adquiridos em aulas expositivas e outras atividades, uma vez que os alunos buscam os conhecimentos por necessidade e interesses, como meio e não como fim. Essa função é importante na elaboração do projeto, porque a escola deve colaborar para tornar a aprendizagem significativa para o aluno.
Segundo César Cool, projeto é uma metodologia de trabalho que visa organizar os alunos em torno de objetivos previamente definidos coletivamente, por alunos e educadores; apresenta um conjunto de procedimentos metodológicos de média ou longa duração, com tarefas que atendem a um progressivo envolvimento individual e social do aluno nas atividades empreendidas voluntariamente, por ele e pelos colegas sob a coordenação do educador.
Portanto, um projeto situa-se como uma proposta de investigação pedagógica que dá à atividade de aprender um sentido novo; permite ao aluno viver experiências positivas de confrontos com os colegas, de decidir e comprometer-se pela escolha, de projetar-se no tempo, mediante o planejamento de suas ações e de seus aprendizados como agente na construção do seu próprio conhecimento, quando as necessidades de aprendizagem afloram na tentativa de resolver situações problemáticas reais e diversificadas.
Afirma Souza, que este é um trabalho comprometido com a transformação da instituição de ensino que auxilia na superação do fracasso escolar, pois acreditam na possibilidade de sucesso de todos os alunos. É um processo que leva a turma a organizar-se, a estabelecer as regras de convivência e de funcionamento, a gerir seu espaço, seu tempo, a construir saberes e competências com prazer e significado. Favorece, assim, a construção da autonomia e da autodisciplina por meio de situações criadas em sala de aula para reflexão, discussão, tomada de decisão, observância de combinados, críticas e avaliação do trabalho em andamento, proporcionando ao aluno, ainda, a implementação do seu compromisso com o social tornando-o sujeito ativo e atuante em seu contexto.
É muito difícil que o aluno, de um momento para o outro, comece a ter iniciativa e ter autonomia, sem ter tido anteriormente à oportunidade de decidir, escolher, opinar, dizer o que pensa e sente.
ORGANIZAÇÃO DE UM PROJETO
Dewey (1952) formula as condições para um bom projeto da seguinte forma:
Um projeto prova ser bom se for suficientemente completo para exigir uma variedade de respostas diferentes dos alunos e permitir a cada um trazer uma contribuição que lhe seja própria e característica. A prova posterior é que haja suficiente tempo para que se inclua uma série de trabalhos e explorações e que suponha um procedimento tal, que cada passo abra um novo terreno, suscite novas dúvidas e questões, desperte a exigência de mais conhecimentos e sugira o que se deva fazer com base no conhecimento adquirido. (p.27).
O projeto deve visar à solução de um problema amplo, composto de várias indagações que, de preferência, sirva de título ao projeto.
O projeto não é uma tarefa determinada pelo educador. Deve ser escolhido, discutido e planejado pela classe toda: educador e alunos, o que, aliás, é o seu grande mérito.
O fixo no projeto serão seus objetivos, suas metas. O planejamento inicial vai sendo redefinido, conforme seja necessário, de acordo com as idéias que vão surgindo e com o próprio crescimento da turma. Assim, acostumam-se os alunos a enfrentar com criatividade situações que, por serem reais, são freqüentemente inesperadas.
O que caracteriza um trabalho com projetos não é a origem do tema, mas o tratamento dado segundo César Cool a este tema, no sentido de torná-lo uma questão do grupo como um todo e não apenas de alguns alunos ou educadores, de maneira a garantir o envolvimento efetivo de todos os alunos nas diferentes etapas, criando condições necessárias para a eficácia da aprendizagem.
A construção de um projeto só se dá através do tema desenvolvido com caráter de estimular os alunos de forma bem criativa e espontânea. Isso torna um projeto bem mais atrativo e com mais significado.
Durante o desenvolvimento de um projeto, o trabalho dos alunos é variado e multidisciplinar. Pode constar de experimentos em classe ou nos laboratórios; relatórios e registros de observações realizadas; entrevistas com especialistas e autoridades no assunto em estudo; pesquisa e coleta de dados em livros, revistas, vídeos, slides, jornais; pesquisa de campo para coleta de dados importantes e pertinentes ao tema do projeto; montagem de glossário, livros, maquetes, boletins informativos; escritas de cartas, bilhetes, convites, confecção de peças, diagramas, esquemas, desenhos, memoriais de cálculo e outros tipos de produções escritas; excursões relacionadas ao tema; realização de passeatas, panfletagens sobre atitudes importantes relacionadas ao tema de estudo.
O educador, através do seu potencial, suas possibilidades e limitações deve desenvolver o seu lado técnico e afetivo. O conhecimento é construído pelo aluno e o contrato didático que o educador estabelece com a classe é de fundamental importância. O respeito e o afeto ao aluno serão elementos indispensáveis à ação educativa e às intervenções que favorecem a aprendizagem.
A relação entre pares deve ser maximizada, a fim de propiciar a análise de pontos de vista diferentes. É assim que o aluno aumenta a capacidade de pensar em nível cada vez mais complexo, porque é incentivado a refletir para comprovar ou argumentar em defesa da suas idéias. E quando o aluno tem de pensar ativamente para produzir um resultado, aprende também o prazer de ser pensante.
Entretanto, o educador nunca deverá ensinar respostas “certas”, nem tampouco corrigir as “erradas”. Ele deverá incentivar o aluno a ter sua própria opinião e deixá-lo decidir por outra resposta, quando esta lhe parecer mais adequada. As idéias “erradas” para César Cool não podem ser eliminadas pelo educador. Elas devem ser modificadas pelos alunos que, com certeza, chegarão à resposta correta, se discutirem o suficiente entre eles, favorecidos por sua intervenção “maiêutica” e inteligente.
O educador precisa desenvolver sua capacidade de observar e pesquisar a própria prática, procurar ir além e tornar-se melhor mediador da aprendizagem a cada atividade que realiza com seus alunos, pois um projeto pedagógico deve, em seu desenvolvimento, ganhar vida e interesse também para o educador. Assim, em pouco tempo, ele vai perceber que há uma grande diferença entre a transmissão do conteúdo e o estímulo do pensamento, por meio do diálogo permanente entre alunos, mediados por um educador que se motiva com o ato de ensinar.
Além de promover a interação ativa entre seus alunos e os meios físico e social, o educador vai perceber ainda, que quando estão interessados, todos aprendem mais rapidamente e muito mais do que os conteúdos programáticos tradicionalmente propõem. Isso porque, há um sujeito cognoscente, alguém que pensa que constrói interpretações, um sujeito da construção do seu próprio conhecimento que age sobre o real para torná-lo seu.
Com certeza, há algum tempo, já está sendo discutido o trabalho com projetos. Também com certeza têm-se estudado muito a respeito. Sabemos que é preciso não utilizar a Pedagogia de Projetos como metodologia de trabalho transformando-a apenas em unidades ou projetos temáticos estabelecidos pelos educadores ou equipe pedagógica da instituição escolar e executados com os alunos. É fundamental que o educador e o aluno construam o projeto.
VANTAGENS DA PEDAGOGIA DE PROJETOS
Existem vários tipos de projetos: simples, complexos, alguns puramente manuais e também os que podem levar os alunos a uma atividade intelectual intensa, através da pesquisa.
A pedagogia de Projetos pode ser aplicada a todas as disciplinas do programa curricular, podendo realizar sistemática ou ocasionalmente. Suas vantagens são incontestáveis:
- proporciona conteúdo vivo, ao contrário dos programas livrescos;
- segue o princípio de ação organizada em torno de um fim ao invés de impor aos alunos lições cujo objetivo e utilidade não compreendem;
- possibilita melhorar a compreensão do aluno sobre as necessidades do contexto social; o valor do planejamento cooperativo; os processos do trabalho em grupo e a importância da participação de cada um na atividade coletiva; a relevância dos serviços prestados aos outros e da solidariedade;
- favorece a construção das aprendizagens significativas e interessantes para o aluno;
- indica sempre um propósito para a ação do aluno, pois a cada atividade ele sabe o que faz e para que o faz;
- propõe ou encaminha soluções aos problemas levantados pelos alunos;
- oportuniza integração de atividades e é um recurso fácil de ser utilizado;
- concentra o aluno em sua atividade, ajudando-o a ter disciplina e esforço pessoal ao realizar suas tarefas com objetividade e concentração;
- possibilita um diálogo entre as ciências, dando a elas unidade e interdisciplinaridade;
- desenvolve o pensamento divergente e possibilita a descoberta das aptidões pessoais e das inteligências dominantes;
- desperta o desejo de aprender, levando-o à iniciativa, à inventividade, à criação, à responsabilidade e à investigação;
- habitua o aluno ao esforço, à perseverança no trato e ao enfrentamento de problemas reais;
- ativa e socializa o ensino, levando os alunos a se inserirem conscientemente na vida social e cultural do seu meio;
- pressupõe ação direta do aluno sobre o seu processo de aprendizagem de modo a proporcionar-lhe opções de escolha, abertura para tomada de decisões com comprometimento, oportunidade de planificar ações e conscientização de responsabilidade para o domínio da própria aprendizagem;
CONCLUSÃO
O projeto deve ser considerado como um recurso, uma ajuda, uma metodologia de trabalho, destinada a dar vida ao conteúdo, a tornar a escola mais atraente. Significa ainda acabar com o monopólio do educador tradicional que decide, recorta e define, ele mesmo, o conteúdo e as tarefas tornando-o meio cético. Na Pedagogia de Projetos a atividade do sujeito aprendiz é determinante na construção de seu saber operatório e esse sujeito, que nunca está sozinho ou isolado, age em constante interação com os meios ao seu redor.
Porém, o fato de os projetos terem todo esse potencial não é garantia de sucesso. Se não houver planejamento cuidadoso, previsão de recursos e, principalmente, interesse e compromisso por parte dos alunos, qualquer esforço pode resultar em desperdício de tempo.
A Pedagogia de Projetos permite aos alunos terem novos conhecimentos, autonomia e responsabilidade, não só no espaço escolar, bem como no contexto em que eles estão inseridos, as experiências vividas possibilitam aprender a pensar mais criticamente a respeito das informações que são beneficentes para o seu desenvolvimento, tanto intelectual, como cultural sobre o seu aprendizado que é construído para atuarmos na sociedade.
REFERÊNCIAS
PEGORETTE, Josemar Francisco; SOUZA, Flaviani Almeida; et alii. Pedagogia de projetos. Vitória, SENAI. ES, 2003. 50 p.
DEWEY, John. Democracia e educação breve tratado de filosofia de educação. 2ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1952.
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